Traumas cirúrgicos ou lacerações espontâneas na região perineal são comuns durante o trabalho de parto vaginal e podem causar muito desconforto durante o período de pós-parto, além do risco de complicações. Sendo assim, é importante que a mulher seja orientada pela equipe de assistência sobre as alternativas terapêuticas para redução da dor e cicatrização do períneo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o parto normal é a forma mais indicada para o nascimento, visto que contribui para a rápida recuperação da mulher, tem menor risco em comparação com a cesárea, entre outras vantagens. Entretanto, a dor no períneo pode trazer incômodo significativo, principalmente quando a episiotomia é realizada.
Entre as formas de tratamento para redução da dor e cicatrização do períneo, a laserterapia tem se destacado por seus efeitos no alívio da dor, na diminuição da inflamação e na regeneração dos tecidos, apresentando ainda as vantagens de ser uma técnica indolor, não invasiva e sem efeitos colaterais.
Importância do períneo na gravidez e no parto
O períneo está localizado na região pélvica, entre a vagina e o ânus, e é constituído por um conjunto de ligamentos e estruturas musculares que dão sustentação aos órgãos da pelve, incluindo: bexiga, ureteres, útero, intestino, reto e ápice da vagina. Além disso, as funções perineais estão associadas à continência urinária e fecal e à sexualidade.
Na gravidez, o períneo é muito exigido, visto que há uma sobrecarga na região pélvica para sustentar o peso do útero, que aumenta cada vez mais, conforme o bebê cresce. Essa sobrecarga pode resultar no enfraquecimento do períneo, que é ainda mais forçado durante o parto vaginal.
No trabalho de parto, sobretudo na fase expulsiva, os músculos do assoalho pélvico se distendem para permitir a saída do bebê, podendo ocorrer traumas espontâneos, como as lacerações. Nesses casos, o tecido intensamente exigido pode se esticar até romper.
A dor e o desconforto perineal no pós-parto são causados por lacerações naturais ou pela realização de episiotomia durante o trabalho de parto.
As lacerações no períneo podem ser de graus diferentes, conforme as estruturas afetadas. Podem lesionar a pele, fáscias ou até a musculatura. O risco de traumas perineais é maior em algumas situações, por exemplo quando:
- a mulher está em seu primeiro parto;
- o bebê tem mais de 4 kg (macrossomia fetal);
- é praticado o puxo dirigido;
- o período expulsivo do parto é prolongado.
Realização de episiotomia
A episiotomia é um procedimento invasivo que algumas vezes é empregado no parto vaginal. Consiste na realização de um corte no períneo (entre a vagina e o ânus), com o intuito de aumentar o canal de parto para facilitar a saída do bebê.
Não existem evidências científicas que justifiquem a realização da episiotomia. Infelizmente, é um procedimento ainda realizado em ambiente hospitalar por algumas equipes.
Não existem indicações reais para a realização da episiotomia e a realização deste procedimento vai contra as boas práticas da assistência humanizada.
Geralmente, no parto hospitalar, é a equipe médica que decide pela realização da episiotomia — muitas vezes, sem consultar ou informar a gestante, que deveria ser protagonista de seu trabalho de parto.
Entretanto, a mulher tem o direito recusar esse procedimento por meio de observações feitas no plano de parto, um documento elaborado durante a gestação, no qual ela pode listar todas as suas vontades e expectativas para o momento do parto.
Há vários riscos envolvidos com a realização da episiotomia, em curto e longo prazos, como:
- lesões musculares no períneo;
- infecção no corte;
- recuperação pós-parto mais demorada;
- prejuízos na função sexual, devido à dor durante a relação;
- incontinência urinária e outras disfunções do assoalho pélvico.
Existem diversos estudos que já comprovam os malefícios dessa prática. Portanto, vale ressaltar que a realização de episiotomia é considerada violência obstétrica, não sendo realizada de forma alguma pela nossa equipe de enfermeiras obstetras.
No entanto, caso a mulher tenha passado por uma episiotomia, a laserterapia pode ser benéfica para acelerar o processo de cicatrização.
Laserterapia para redução da dor e cicatrização do períneo
A aplicação de laser de baixa potência é um método terapêutico que tem revelado grande utilidade clínica na assistência ao pós-parto, favorecendo a redução da dor e a cicatrização do períneo, além de ser indicada em outras situações, como:
- cicatrização de fissuras mamárias;
- efeito analgésico e anti-inflamatório em ferida operatória de cesárea;
- tratamento da candidíase mamária;
- tratamento de assaduras no bebê.
A laserterapia é uma abordagem não invasiva, indolor, segura, de rápida aplicação e que não tem efeitos colaterais. Além disso, há outros benefícios:
- alívio imediato da dor;
- redução do inchaço e de outros sintomas inflamatórios;
- ativação da resposta imunológica;
- estímulo à atividade dos fibroblastos (células jovens) e à formação de colágeno, acelerando a renovação dos tecidos e a cicatrização da ferida.
Ao ser acompanhada por uma equipe de assistência humanizada ao parto e pós-parto, a paciente tem atenção à sua dor e às dificuldades enfrentadas após o nascimento de seu bebê. Assim, o uso de laserterapia para redução da dor e cicatrização do períneo é uma das formas de promover o bem-estar à mulher durante essa fase.