Meu bebê nasceu, sou mãe de primeira viagem e não sei o que fazer, vou seguir o meu “instinto materno”.
Esse ainda é um pensamento antigo de muitas mães que tiveram o seu primeiro filho e não buscaram informações assertivas de como lidar com esse momento, que é tão especial e exige cuidados importantes para não gerar frustrações, entre elas a de desistir de amamentar ou de ter outros filhos por conta dessa etapa que, na verdade, é uma das mais lindas da maternidade.
A especialista em amamentação Shirley Fernandes, consultora com certificação internacional em Lactação pelo International Board Certified Lactation Consultant (IBCLC), elenca aqui os principais erros que uma mãe de primeira viagem comete.
Não pesquisar sobre quem vai ser o pediatra do bebê. “Não espere seu filho nascer para somente depois procurar um pediatra. Pesquise, peça referências, é muito importante que a família desenvolva um relacionamento de confiança com o profissional que irá cuidar do seu filho e, inclusive, a consulta com o pediatra pode acontecer durante a gestação.”
Não se preparar para a amamentação. A maioria das mães se prepara para o parto, mas esquece de se preparar para a amamentação e não se atenta que essa ação será parte da rotina do bebê por um longo tempo, razão pela qual exige muito cuidado e informação. “A amamentação pode ser muito desafiadora para a maioria das mulheres e não estar preparada para enfrentar esses desafios é um problema muito sério”.
Oferecer bico artificial achando que vai resolver o problema. É comum uma mãe não ver problema ao substituir o peito “uma única vez” só pra ver se fica tudo bem, mas a especialista alerta: “Uma vez que a mãe oferece mamadeira, pode colocar tudo a perder e ser o suficiente para acabar com toda a amamentação, isso porque o bico artificial altera o padrão de sucção, de mamada, o bebê tende a fazer uma boca mais fechadinha e a desenvolver uma confusão de bicos, levando ao sério risco de desmame precoce.
Oferecer chupeta porque o bebê chora é um outro erro cometido por muitas mães. “Quando a mãe oferece a chupeta para o bebê, ela está apenas silenciando a criança e com isso ela perde a oportunidade de se comunicar e entender o que o bebê está de fato sinalizando com o choro.
Cronometrar mamada é mais um erro cometido. “Digo até que é um erro cruel. Mais do que tempo, a gente tem que avaliar a efetividade da mamada, como esse bebê se comporta na hora de mamar, se ele fica molinho, tranquilo, relaxado ou se passa o dia pendurado no peito. Então, é importante não focar no cronômetro, pois a mama não é graduada e a gente não tem como saber a quantidade exata que o bebê está ingerindo mamando no peito. O que precisamos entender e avaliar é como ele se comporta durante e após esse momento. Cada bebê tem o seu tempo de necessidade de mamada, então o que não pode ocorrer são mamadas muito curtas, de cinco minutos, por exemplo, nem muito longas, de uma hora, porque isso sinaliza que algo não vai bem. No mais, nada de relógio. Curta o momento”.
Só buscar ajuda quando o peito começa a doer e a mãe já está emocionalmente abalada, com o mamilo machucado, perdendo as forças para amamentar. “Às vezes, a mulher leu ou alguém falou para ela que o mamilo caleja. Isso não existe, a dor não passa sozinha. Não adianta amamentar sentindo dor e achar que um dia ela vai passar sozinha. Pega correta não deve doer. Se o mamilo estiver machucado ou doendo após a mamada ele não vai sarar sozinho.
Se começou a apresentar os primeiros sinais de dificuldade, o ideal é procurar uma especialista em aleitamento para poder já corrigir o problema desde o início. Não caia nessa de tentar resolver sozinha, peça ajuda o quanto antes”.
(Imagem: Freepik)
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