Muito se fala sobre as diferenças entre parto vaginal e cesariana, considerando as vantagens e desvantagens de cada um. Os cuidados na recuperação materna estão entre os fatores a considerar. A mulher que passa por parto cirúrgico leva mais tempo para se recuperar, além de sentir dores no local da incisão e precisar higienizar corretamente a ferida operatória da cesárea.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o parto vaginal. Com base nisso, somente gestantes com indicações clínicas e obstétricas bem fundamentadas deveriam passar pela cesariana. No entanto, sabemos que o número de partos cirúrgicos no Brasil ainda é grande.
O parto vaginal é a principal indicação, justamente por oferecer menor risco à mulher e permitir sua rápida recuperação. O parto cirúrgico, embora seja feito seguindo protocolos de segurança, expõe a paciente a microrganismos que podem infeccionar a ferida operatória da cesárea e outras complicações, como hemorragia.
A infecção em sítio cirúrgico (ISC) é uma das principais complicações associadas à cesárea. Ocorre quando o local da incisão inflama e é tomado por processo infeccioso. A infecção pode ser de 3 tipos: superficial, profunda ou ainda se disseminar para outros órgãos da cavidade abdominal.
Os sintomas dessa infecção podem aparecer até 30 dias após o parto, incluindo dor na ferida operatória da cesárea, inchaço, presença de pus e febre. Vale lembrar que sentir um pouco de dor e desconforto nos primeiros dias de pós-parto é comum, mas, diante desses outros sintomas, a mulher necessita de avaliação médica.
Quando a cesárea é indicada?
As indicações para a cesariana dependem das condições de saúde da gestante. Algumas mulheres já iniciam a gravidez com doenças preexistentes que demandam um acompanhamento mais rigoroso, portanto, enquadram-se no pré-natal de alto risco.
Não significa que toda mulher é indicada ao parto cesárea quando apresenta diagnóstico anterior de condições crônicas ou desenvolve doenças associadas à gravidez, como a diabetes gestacional. Isso depende de como a gestação evolui, das condições do feto na reta final (por exemplo, o tamanho), do histórico de complicações em outros partos etc. Ou seja, pode abranger vários aspectos.
Existem casos em que a cesariana pode ser indicada para a segurança da mãe e do bebê, como: prolapso de cordão, infecção por HIV, feto em apresentação pélvica, desproporção cefalopélvica e placenta prévia, sendo essas duas últimas indicações absolutas de cesárea.
Também há outras situações em que a cesárea pode ser necessária em uma emergência obstétrica, por exemplo, se houver: falha na progressão do parto, diminuição dos batimentos cardíacos fetais, distocia de ombros, entre outras.
Além das indicações obstétricas, a mulher tem o direito de ter seu filho por parto cesárea, caso seja de sua vontade. No entanto, o Conselho Federal de Medicina (CFM) determina que, na ausência de condições clínicas, a cesariana eletiva somente pode ser feita a partir de 39 semanas.
A cesariana é uma cirurgia de grande porte. É preciso cortar 7 camadas de tecidos para chegar ao feto. As incisões são feitas na parte inferior do abdome, por onde o médico retira o bebê e a placenta. Em seguida, os cortes são suturados com material que pode ser absorvido pelo organismo ou com fios que precisam ser removidos depois de 10 a 14 dias.
Em comparação com o parto vaginal, a cesárea tem algumas desvantagens, como: risco de complicações operatórias, tempo de internação maior, recuperação mais lenta e dor no local dos cortes nos primeiros dias de pós-parto.
O que é indicado para efeito analgésico e anti-inflamatório em ferida operatória de cesárea?
Na alta hospitalar, a mulher que passa por parto cesárea geralmente recebe indicação para tomar medicamentos anti-inflamatórios e, se tiver dor, analgésicos. A laserterapia também é uma técnica de grande ajuda para tratar a ferida operatória da cesárea.
A terapia com laser de baixa potência para lesões na pele tem sido cada vez mais utilizada. O termo LASER significa “amplificação da luz por emissão estimulada da radiação”, tradução do inglês “Light Amplification by Stimulated Emission of Radiation”.
A laserterapia é uma técnica não invasiva, indolor e de fácil aplicação. O aparelho emite feixes de luz vermelha e infravermelha que penetram na pele, desencadeando importantes efeitos, como a reparação das células danificadas e a reorganização do colágeno.
As reações teciduais provocadas pela laserterapia aceleram o processo de cicatrização, além de promover efeito analgésico e anti-inflamatório na ferida operatória da cesárea. Com isso, a mulher sente menos dor, retoma suas atividades e os cuidados com o bebê com mais facilidade, assim como reduz o risco de inflamação e processo infeccioso.
O tratamento com laser é uma estratégia eficaz e não farmacológica na recuperação pós-parto, e a indicação não é feita somente para tratar ferida operatória de cesárea. A laserterapia também é útil para:
- cicatrização de fissuras mamárias;
- redução da dor e cicatrização do períneo e episiotomia;
- tratamento da candidíase mamária;
- tratamento de assaduras no bebê.
A laserterapia pode ser realizada com autonomia por enfermeiras obstetras que tenham capacitação para isso. Dessa forma, podemos contar com mais um recurso valioso para atuar na promoção de saúde e bem-estar das mulheres que acompanhamos durante a assistência ao parto e pós-parto.