O processo de nascer é natural, acompanha a evolução da humanidade — é a mulher quem está estritamente ligada a esse evento; é no ventre feminino que uma nova vida se forma; é pelos seios da mãe que a criança recém-nascida se alimenta. Então, ninguém deveria ter dúvidas sobre o protagonismo da mulher no parto, e procedimentos agressivos como a episiotomia não deveriam mais ser realizados.
A gravidez e a chegada de um filho representam as fases mais importantes da vida da mulher. O momento do parto tem grande significado, tanto para a gestante quanto para as pessoas que a cercam. Embora seja muito esperado, o trabalho de parto também é precedido por sentimentos de receio e ansiedade.
A experiência do parto, em si, pode ser positiva ou traumática. Sem dúvidas, a equipe de assistência tem importante papel nisso. É um momento delicado e a mulher precisa ser respeitada.
Felizmente, a humanização no parto tem sido incentivada e muitas condutas começaram a mudar, nas últimas décadas, inclusive o entendimento sobre a episiotomia, mas sabemos que ainda existe bastante resistência por parte dos profissionais de assistência ao parto e pela priorização de protocolos hospitalares.
Neste post, você vai entender o que é episiotomia, qual é sua relação com o conceito de violência obstétrica e como lidar com as consequências dessa prática, caso aconteça.
Acompanhe!
O que é episiotomia?
A episiotomia é um corte feito no períneo entre a vagina e o ânus com a justificativa — NÃO baseada em evidências científicas — de que esse procedimento aumenta o canal de parto, facilita a saída do bebê e evita danos maiores aos tecidos do períneo.
Na região perineal, existem ligamentos, músculos e outros tecidos que dão sustentação aos órgãos da pelve. É uma parte importante do corpo da mulher, pois mantém as estruturas que participam das funções urinárias, fecais, sexuais e reprodutivas.
A gravidez e o parto impõem sobrecarga na região pélvica e exigem muito do períneo, que pode enfraquecer e sofrer lesões durante a fase expulsiva e a saída da criança. Assim, é comum que ocorram lacerações espontâneas, mas o procedimento de episiotomia também deixa marcas, e ainda mais graves.
A episiotomia é um procedimento invasivo, que causa trauma perineal e tem risco de complicações, como infecção no corte, dificuldades urinárias, recuperação pós-parto mais difícil, dolorosa e demorada e dor na relação sexual. A longo prazo, a mulher também pode desenvolver disfunções do assoalho pélvico devido a lesões musculares no períneo.
Muitas mulheres já passaram por isso sem saber que a episiotomia é uma prática de violência obstétrica. Não há justificativa para a realização deste procedimento, sobretudo quando é feita sem consentimento da gestante, ou seja, quando a equipe de assistência simplesmente realiza um corte na mulher sem informá-la com antecedência e sem explicar o porquê do procedimento.
O que é violência obstétrica?
Esse termo diz respeito às condutas e aos procedimentos desrespeitosos pelos quais a mulher pode passar no pré-parto, no parto e no puerpério. São atitudes inadequadas de profissionais de saúde, que deveriam dar apoio à paciente que já se encontra em estado frágil, mas, ao invés disso, agridem a mulher, de forma física ou psicológica.
Violência obstétrica é toda e qualquer ação dos médicos e da equipe de assistência ao parto que configurem desrespeito às escolhas da mulher e ao seu corpo. Exemplos disso são:
- agressões verbais, físicas ou sexuais;
- intervenções e procedimentos desnecessários, invasivos e sem consentimento;
- desconsideração aos direitos da paciente, como ficar com um acompanhante ao lado durante o trabalho de parto;
- jejum prolongado de água e comida durante todo o trabalho de parto com a justificativa de que, se o parto evoluir para cesárea, haverá riscos.
As atitudes de violência obstétrica afetam o bem-estar das mulheres, pois podem gerar traumas físicos e emocionais, depressão pós-parto, dificuldades para retomar a vida sexual, além de relacionar o parto a lembranças ruins, quando este deveria ser um dos momentos mais importantes da vida da mulher.
A episiotomia é um ato de mutilação genital feminina. Contudo, embora seja violência obstétrica, infelizmente ainda é rotineiramente realizada em algumas instituições.
Por que a episiotomia ainda é realizada?
Hoje, não há indicação baseada em evidência científica para a realização da episiotomia. Profissionais que atuam com humanização na assistência ao parto não apoiam essa prática. Até a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que não seja um procedimento de rotina.
Apesar de todos os problemas decorrentes da episiotomia e da confirmação, por meio de estudos científicos, de que não há benefícios em realizá-la, ainda existem médicos que optam pelo procedimento.
Dados recentes mostram que a prática rotineira de episiotomia chega a 56% em todo o país. No caso das primíparas (mulheres em primeiro trabalho de parto), os números são ainda maiores, chegando aos 75%.
Então, se não é uma prática recomendada, por que isso ainda acontece? Porque faz parte da conduta intervencionista da institucionalização do parto, que se baseia em protocolos hospitalares e desmerece o protagonismo da mulher no processo de parir.
A episiotomia é uma forma de dar uma “ajudinha”, isto é, de acelerar o trabalho de parto, depois de uma longa sequência de procedimentos e imposições que deixam a mulher cansada e fragilizada até o final do parto.
Tantas intervenções são feitas baseadas na lógica equivocada de que o corpo da mulher é falho e não cumpre sozinho sua função de parir. Ao olharmos pela lente da assistência humanizada, vemos que isso é completamente desnecessário quando respeitamos o processo natural e o tempo da mãe e do bebê.
Ainda bem que, hoje, as mulheres estão mais informadas, sabem das repercussões negativas da episiotomia e conhecem seus direitos para negar esse procedimento, bem como outras práticas associadas à violência obstétrica.
Como tratar a cicatriz da episiotomia?
Como ainda há gestantes que são submetidas à episiotomia, precisamos ter formas de ajudar essas mulheres a cuidarem da lesão no períneo para uma recuperação pós-parto mais tranquila.
A abordagem mais eficaz que temos atualmente para cicatrização de lesões e fissuras é a laserterapia. O uso de laser de baixa potência tem se mostrado muito eficiente para o tratamento de diversas doenças e alterações na pele.
Na assistência à mulher no pós-parto, em específico, a laserterapia apresenta muitos benefícios no tratamento de lacerações no períneo causadas por episiotomia, cicatriz de cesárea, fissuras nos mamilos, candidíase mamária e até assaduras no bebê.
Aproveite sua visita e leia nosso texto sobre laserterapia para conhecer mais detalhes sobre as aplicações!