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Episiotomia: violência obstétrica

Por: Shirley Fernandes

O processo de nascer é natural, acompanha a evolução da humanidade — é a mulher quem está estritamente ligada a esse evento; é no ventre feminino que uma nova vida se forma; é pelos seios da mãe que a criança recém-nascida se alimenta. Então, ninguém deveria ter dúvidas sobre o protagonismo da mulher no parto, e procedimentos agressivos como a episiotomia não deveriam mais ser realizados.

A gravidez e a chegada de um filho representam as fases mais importantes da vida da mulher. O momento do parto tem grande significado, tanto para a gestante quanto para as pessoas que a cercam. Embora seja muito esperado, o trabalho de parto também é precedido por sentimentos de receio e ansiedade.

A experiência do parto, em si, pode ser positiva ou traumática. Sem dúvidas, a equipe de assistência tem importante papel nisso. É um momento delicado e a mulher precisa ser respeitada.

Felizmente, a humanização no parto tem sido incentivada e muitas condutas começaram a mudar, nas últimas décadas, inclusive o entendimento sobre a episiotomia, mas sabemos que ainda existe bastante resistência por parte dos profissionais de assistência ao parto e pela priorização de protocolos hospitalares.

Neste post, você vai entender o que é episiotomia, qual é sua relação com o conceito de violência obstétrica e como lidar com as consequências dessa prática, caso aconteça.

Acompanhe!

O que é episiotomia?

A episiotomia é um corte feito no períneo entre a vagina e o ânus com a justificativa — NÃO baseada em evidências científicas — de que esse procedimento aumenta o canal de parto, facilita a saída do bebê e evita danos maiores aos tecidos do períneo.

Na região perineal, existem ligamentos, músculos e outros tecidos que dão sustentação aos órgãos da pelve. É uma parte importante do corpo da mulher, pois mantém as estruturas que participam das funções urinárias, fecais, sexuais e reprodutivas.

A gravidez e o parto impõem sobrecarga na região pélvica e exigem muito do períneo, que pode enfraquecer e sofrer lesões durante a fase expulsiva e a saída da criança. Assim, é comum que ocorram lacerações espontâneas, mas o procedimento de episiotomia também deixa marcas, e ainda mais graves.

A episiotomia é um procedimento invasivo, que causa trauma perineal e tem risco de complicações, como infecção no corte, dificuldades urinárias, recuperação pós-parto mais difícil, dolorosa e demorada e dor na relação sexual. A longo prazo, a mulher também pode desenvolver disfunções do assoalho pélvico devido a lesões musculares no períneo.

Muitas mulheres já passaram por isso sem saber que a episiotomia é uma prática de violência obstétrica. Não há justificativa para a realização deste procedimento, sobretudo quando é feita sem consentimento da gestante, ou seja, quando a equipe de assistência simplesmente realiza um corte na mulher sem informá-la com antecedência e sem explicar o porquê do procedimento.

O que é violência obstétrica?

Esse termo diz respeito às condutas e aos procedimentos desrespeitosos pelos quais a mulher pode passar no pré-parto, no parto e no puerpério. São atitudes inadequadas de profissionais de saúde, que deveriam dar apoio à paciente que já se encontra em estado frágil, mas, ao invés disso, agridem a mulher, de forma física ou psicológica.

Violência obstétrica é toda e qualquer ação dos médicos e da equipe de assistência ao parto que configurem desrespeito às escolhas da mulher e ao seu corpo. Exemplos disso são:

  • agressões verbais, físicas ou sexuais;
  • intervenções e procedimentos desnecessários, invasivos e sem consentimento;
  • desconsideração aos direitos da paciente, como ficar com um acompanhante ao lado durante o trabalho de parto;
  • jejum prolongado de água e comida durante todo o trabalho de parto com a justificativa de que, se o parto evoluir para cesárea, haverá riscos.

As atitudes de violência obstétrica afetam o bem-estar das mulheres, pois podem gerar traumas físicos e emocionais, depressão pós-parto, dificuldades para retomar a vida sexual, além de relacionar o parto a lembranças ruins, quando este deveria ser um dos momentos mais importantes da vida da mulher.

A episiotomia é um ato de mutilação genital feminina. Contudo, embora seja violência obstétrica, infelizmente ainda é rotineiramente realizada em algumas instituições.

Por que a episiotomia ainda é realizada?

Hoje, não há indicação baseada em evidência científica para a realização da episiotomia. Profissionais que atuam com humanização na assistência ao parto não apoiam essa prática. Até a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que não seja um procedimento de rotina.

Apesar de todos os problemas decorrentes da episiotomia e da confirmação, por meio de estudos científicos, de que não há benefícios em realizá-la, ainda existem médicos que optam pelo procedimento.

Dados recentes mostram que a prática rotineira de episiotomia chega a 56% em todo o país. No caso das primíparas (mulheres em primeiro trabalho de parto), os números são ainda maiores, chegando aos 75%.

Então, se não é uma prática recomendada, por que isso ainda acontece? Porque faz parte da conduta intervencionista da institucionalização do parto, que se baseia em protocolos hospitalares e desmerece o protagonismo da mulher no processo de parir.

A episiotomia é uma forma de dar uma “ajudinha”, isto é, de acelerar o trabalho de parto, depois de uma longa sequência de procedimentos e imposições que deixam a mulher cansada e fragilizada até o final do parto.

Tantas intervenções são feitas baseadas na lógica equivocada de que o corpo da mulher é falho e não cumpre sozinho sua função de parir. Ao olharmos pela lente da assistência humanizada, vemos que isso é completamente desnecessário quando respeitamos o processo natural e o tempo da mãe e do bebê.

Ainda bem que, hoje, as mulheres estão mais informadas, sabem das repercussões negativas da episiotomia e conhecem seus direitos para negar esse procedimento, bem como outras práticas associadas à violência obstétrica.

Como tratar a cicatriz da episiotomia?

Como ainda há gestantes que são submetidas à episiotomia, precisamos ter formas de ajudar essas mulheres a cuidarem da lesão no períneo para uma recuperação pós-parto mais tranquila.

A abordagem mais eficaz que temos atualmente para cicatrização de lesões e fissuras é a laserterapia. O uso de laser de baixa potência tem se mostrado muito eficiente para o tratamento de diversas doenças e alterações na pele.

Na assistência à mulher no pós-parto, em específico, a laserterapia apresenta muitos benefícios no tratamento de lacerações no períneo causadas por episiotomia, cicatriz de cesárea, fissuras nos mamilos, candidíase mamária e até assaduras no bebê.

Aproveite sua visita e leia nosso texto sobre laserterapia para conhecer mais detalhes sobre as aplicações!

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