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Contração de treinamento e contração de trabalho de parto: quais as diferenças?

Por: Shirley Fernandes

A contração de trabalho de parto é um dos mecanismos do corpo feminino para possibilitar o nascimento do bebê. Ela se caracteriza pela dor de intensidade crescente, acompanhada por um enrijecimento da barriga que progride para a pelve, podendo irradiar para a região lombar.

As contrações são um dos mais importantes sinais de que a hora tão aguardada está próxima, pois o seu comportamento (duração, espaçamento e intensidade) sinaliza em qual fase o trabalho de parto se encontra. Portanto, conhecê-las é fundamental para saber o momento de ir ao hospital ou acionar a equipe de enfermeiras obstetras, no caso de assistência ao parto domiciliar humanizado.

Acontece que também existe a contração de treinamento (contração de Braxton Hicks), que é bem diferente da contração de trabalho de parto, pois, como o nome indica, funciona apenas como um “ensaio” do corpo e não evolui.

Continue a leitura para conhecer as principais diferenças entre as contrações de trabalho de parto e as contrações de treinamento!

O que são contrações de treinamento?

Esse tipo de contração geralmente inicia no 3º trimestre da gestação e tem exatamente a função que o nome indica: o corpo está “ensaiando” para o trabalho de parto. Ela também é chamada de contração de Braxton Hicks, em homenagem ao médico inglês que a descreveu pela primeira vez.

A sensação é diferente da contração de trabalho de parto, pois a barriga endurece e, por alguns segundos, a mulher sente um tipo de cólica que pode causar desconforto ou não.

No entanto, ela costuma ser relativamente curta e não causar dores, apesar de ser incômoda. Além disso, ela não aumenta de intensidade ou frequência, nem ganha ritmo. O mais importante: esse tipo de contração não desencadeia o trabalho de parto e costuma melhorar com banho ou repouso.

O que são contrações de trabalho de parto?

Já a contração de trabalho de parto é uma manifestação dos movimentos feitos pelo útero para posicionar o bebê no canal de parto, em razão da liberação de prostaglandina (a substância que contribui com a dilatação do colo do útero) e de ocitocina (o hormônio que efetivamente estimula as contrações).

Ela ajuda a identificar o estágio do trabalho de parto, que se subdivide em várias fases, incluindo:

  • pródromos — podem durar vários dias e se caracterizam pela preparação do corpo feminino para o nascimento do bebê. Nessa fase, as contrações podem ser bastante espaçadas, ainda sem ritmo e pouco intensas. Também pode haver perda do tampão mucoso;
  • fase latente — quando começa o trabalho de parto propriamente dito e se inicia a dilatação do colo do útero. As contrações começam a aumentar, mas ainda não são ritmadas, com um espaçamento de 20 a 30 minutos, que vai diminuindo cada vez mais. A duração de cada uma varia, podendo ser de 30 a 45 segundos;
  • fase ativa — aqui, as contrações são ritmadas e cada vez mais intensas. O colo do útero começa a caminhar da metade para a fase final de dilatação (6 a 10 centímetros). As contrações já acontecem a cada 3 minutos, com pelo menos 3 contrações em dez minutos e duração acima de 40 segundos.

Chegando ao fim da dilatação, há a fase da expulsão, quando a mulher começa a sentir uma grande vontade de fazer força em cada contração e já temos os puxos espontâneos. Depois do nascimento do bebê, o útero continua a ter contrações para a saída da placenta (fase de dequitação), mas aqui elas já são bem mais leves, embora ainda dolorosas.

Como diferenciar os dois tipos de contração?

É muito importante saber como diferenciar a contração de treinamento e a contração de trabalho de parto, justamente porque essa última sinaliza que o bebê está chegando e que é hora de acionar a equipe de assistência ao parto domiciliar, quando essa é a opção da gestante.

Os principais pontos para diferenciar uma da outra são:

  • regularidade — a contração de treinamento não tem ritmo, enquanto a verdadeira acontece regularmente em um determinado intervalo de tempo (por exemplo, 3 contrações a cada 10 minutos), tornando-se cada vez mais frequente;
  • intensidade — enquanto a primeira costuma ser leve, gerando apenas um desconforto, a contração de trabalho de parto se torna cada vez mais intensa e dolorosa.

Além disso, a contração de treinamento pode ter o desconforto mais facilmente administrado. Por exemplo, se a mulher caminha um pouco, toma um banho quente, faz exercícios de relaxamento ou muda de posição, o incômodo costuma melhorar.

Já na contração de trabalho de parto, embora existam métodos para alívio da dor, como banhos quentes e massagens, o desconforto não passa por completo, além de que não há forma de fazer com que ela pare de aumentar de intensidade e frequência.

Quando chamar as enfermeiras obstetras?

A equipe de assistência ao parto domiciliar humanizado é composta por enfermeiras obstetras e, se a gestante desejar, doulas que têm importante papel no suporte emocional.

As profissionais devem ser acionadas pela futura mãe ou seus familiares na fase ativa da dilatação, ou seja, quando as contrações já têm um ritmo mais acelerado (com intervalo de 5 minutos ou menos) e duram cerca de 40 segundos ou mais. Essas características indicam que o trabalho de parto é iminente, o que geralmente acontece a partir das 37 semanas de gestação.

Como vimos, existem não apenas as contrações de treinamento, que podem ocorrer inclusive desde o final do 2º trimestre, como também há a fase dos pródromos, em que as contrações ainda podem levar dias para desencadear o trabalho de parto.

Por isso, esperar o ganho de ritmo é fundamental para evitar falsos alarmes — o mesmo vale para as mulheres que terão parto hospitalar e podem ser orientadas a voltar para casa, se chegarem na maternidade antes da fase ativa.

É importante destacar que a intensidade do desconforto não é um bom critério para saber quando é a hora de acionar a equipe, porque cada mulher tem uma percepção da dor.

Além disso, mesmo se o parto domiciliar estiver planejado, deve-se comunicar a equipe de parteiras e procurar atendimento hospitalar quando há sinais de parto prematuro, isto é, antes das 37 semanas de gestação. Nesse caso, é preciso observar se as contrações:

  • ganham ritmo e têm um intervalo menor que 10 minutos, mesmo que não haja dor;
  • são acompanhadas de aumento da secreção vaginal, sangramento ou uma forte pressão pélvica.

Diante desta leitura, você já sabe quais são as principais diferenças entre a contração de treinamento e a contração de trabalho de parto. Esse entendimento é fundamental para identificar o momento certo de buscar a equipe de assistência ao parto e nascimento.

Aproveite para conhecer melhor sobre o parto domiciliar humanizado com a leitura do nosso texto principal!

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