O retorno ao trabalho é um momento delicado para a mulher que teve filho há poucos meses, especialmente quando há intenção de prosseguir com o aleitamento materno.
Além de precisar se afastar do bebê, fato que pode gerar dor e tristeza, o retorno à rotina profissional envolve uma série de preocupações, como: quem cuidará da criança? Como vou continuar amamentando? Será que vou dar conta de conciliar as demandas da maternidade, da casa e do trabalho?
Nesse contexto desafiador, é preciso fazer uma série de rearranjos na rotina e na dinâmica familiar. Assim como foi logo após o parto, quando todos tiveram que se adaptar à chegada do bebê, novamente é necessário encontrar meios para garantir a adaptação da família à nova realidade.
O planejamento é o melhor caminho para evitar problemas e estresse. Sendo assim, é importante que a mulher comece a pensar no retorno ao trabalho bem antes que esse momento chegue, considerando todas as questões envolvidas.
A participação do parceiro e dos familiares é fundamental para isso dar certo. A mulher precisa de uma rede de apoio. Com auxílio nas demandas diárias e confiança de que seu filho estará bem cuidado por outras pessoas, é possível enfrentar essa transição com mais suavidade.
Os desafios da mãe que retorna ao trabalho
Ser mãe é uma missão desafiadora em todos os aspectos. A mulher que decide voltar ao trabalho sofre, mas aquela que abre mão de sua vida profissional para se dedicar exclusivamente aos filhos também sofre. Não existe escolha certa ou errada, nesse sentido. Independentemente da decisão tomada, é preciso pensar nas necessidades do bebê.
Ainda que a maternidade tenha sido desejada, são vários os motivos que justificam o retorno da mulher ao trabalho. Estão implicados fatores financeiros, sociais, cognitivos e emocionais.
A retomada da vida profissional pode reforçar a individualidade da mulher, pois permite que ela se sinta atuante e produtiva, assumindo um papel social no qual ela volta à vida própria, para além de ser mãe, esposa e responsável pela casa.
Contudo, equilibrar as demandas profissionais e familiares exige uma árdua rotina, com dedicação a múltiplas funções. Somam-se a isso as noites mal dormidas, as alterações hormonais e a responsabilidade primordial de garantir a segurança e o bem-estar da criança.
O fator emocional pesa tanto para a mãe quanto para a criança, a depender da idade. Bebês pequenos, em seus primeiros meses de vida, ainda não sentem a ausência materna, contanto que tenham suas necessidades básicas atendidas. Após os 6 meses, há o risco de a criança apresentar “angústia de separação”.
A rede de apoio faz toda a diferença para que a mulher vivencie um retorno ao trabalho de forma mais funcional e ciente de que seu bebê está bem amparado. Além disso, é preciso alinhar a questão do aleitamento, antecipadamente, com a pessoa que ficará responsável por cuidar da criança, pois há detalhes importantes sobre o armazenamento e a maneira de ofertar o leite materno.
O aleitamento materno após o retorno ao trabalho
A amamentação exclusiva até os 6 meses de vida do bebê e continuada até dois anos ou mais é preconizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O leite materno é um alimento completo, que atende todas as necessidades nutricionais da criança. Entre os benefícios, estão:
- fácil digestão;
- proteção contra diversas doenças;
- redução do risco de problemas de saúde no futuro, como obesidade e diabetes;
- auxílio no desenvolvimento das estruturas ósseas faciais.
A mulher que amamenta também é beneficiada. Os efeitos positivos na saúde da lactante incluem:
- perda mais rápida do peso adquirido na gestação;
- menor risco de desenvolver diabetes e hipertensão arterial;
- redução no risco de câncer de mama e de endométrio.
No entanto, muitas mulheres precisam lidar com o retorno ao trabalho antes que a criança tenha idade para a introdução alimentar, ou seja, antes dos 6 meses. Caso não seja feito um planejamento para que o bebê continue recebendo o leito materno na ausência da mãe, inicia-se a oferta de fórmulas artificiais e mamadeiras, o que pode levar ao desmame precoce.
A mãe trabalhadora tem seu direito assegurado pela lei. Mulheres que trabalham em contrato CLT podem interromper a jornada diária em dois descansos, de meia hora cada, para amamentar seu bebê, até que ele complete 6 meses de idade.
Entretanto, a não ser que a mulher trabalhe no modelo home office ou que alguém possa levar a criança até seu local de trabalho, pode ser inviável amamentar durante o expediente. A alternativa, então, é fazer a ordenha e o armazenamento do leite materno para que a pessoa cuidadora ofereça ao bebê enquanto a mãe está trabalhando.
Meses antes da data de retorno ao trabalho, é preciso decidir com quem a criança ficará — escolinha, babá ou alguém da família. Caso queira prosseguir com o aleitamento materno exclusivo, a mãe deve aprender a coletar e armazenar seu leite, além de orientar a pessoa responsável pelos cuidados com o bebê sobre a forma correta de ofertar esse alimento.
É importante que o bebê receba o leite materno cuidadosamente em um copo ou em colher dosadora. A oferta de bicos, como no uso de mamadeira, pode interferir no padrão de sucção da criança, levando ao risco de desmame precoce.
No trabalho, também é importante que a mulher tenha acesso a um local adequado para ordenha, a fim de esvaziar as mamas, coletar o leite e continuar estimulando a produção de láctea.
A importância da consultoria de retorno ao trabalho
Planejamento e apoio são dois fatores-chave para a mãe que vai retornar ao trabalho. Previamente munida de informações, a mulher pode estimular o aumento de sua produção láctea, organizar-se para criar o estoque, além de deixar todos os cuidados alinhados com a pessoa que cuidará da criança.
Pensando nas dúvidas que surgem nesse momento, trabalhamos com a consultoria de Retorno ao Trabalho. Em um encontro com até 2 horas de duração — que deve ser realizado, preferencialmente, um mês antes do retorno —, as necessidades e os objetivos da mulher quanto ao aleitamento materno são avaliados pela enfermeira obstetra.
Por meio da consultoria, podemos esclarecer dúvidas, traçar metas e fornecer orientações para que a ordenha e o armazenamento do leite materno sejam feitos de forma correta. Dessa maneira, a mãe pode retornar ao trabalho mais tranquila e ciente de que seu bebê continuará a receber o alimento mais saudável para ele.